Depois de quatro anos à frente da Secretaria Executiva da CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica), vinculada ao Ministério da Educação, o presidente da SBCM, Antonio Carlos Lopes se desligou da entidade no dia 10 de janeiro. Neste período, alterações significativas na Residência Médica foram feitas, como a ampliação da participação das Sociedades de Especialidade e da academia, a criação de 700 novas vagas, a instauração de critérios mais rigorosos para avaliação dos programas, a alteração das durações de diversos programas, e a criação do estágio optativo para residentes em regiões de fronteira e de difícil acesso e da prova prática no processo seletivo.

Entre os motivos apresentados em sua carta de demissão estão as novas políticas propostas pelo Ministério da Saúde à CNRM. Para Lopes, estas propostas visam tratar a Residência Médica como política de saúde, tornando o residente mão-de-obra barata, enquanto ela deveria continuar sendo uma política de educação. “Acredito ser a Residência Médica a melhor forma de treinamento após a graduação, por meio do aprendizado em serviço e todo o meu esforço na condução da CNRM foi neste sentido”, afirma na carta.

Questões pessoais também foram motivos de seu pedido de exoneração. “Minhas atividades acadêmicas e universitárias, bem como meus compromissos profissionais e associativos, não mais me permitem dedicar-me a Residência Médica como venho fazendo ao longo dos últimos quatro anos”, escreve. Lopes agradece ainda o apoio irrestrito que recebeu do Ministério e a confiança que nele foi depositada. A carta termina com um agradecimento aos dois ministros com quem trabalhou – Fernando Haddad e Tarso Genro.

No site da Amrigs (Associação Médica do Rio Grande do Sul), o presidente da entidade, Newton Barros, afirma que a Medicina brasileira e a Residência Médica perderam um grande mentor e articulador com a saída de Lopes da CNRM. “Com a sua experiência no associativismo médico, Lopes estreitou o relacionamento entre sociedades de especialidade e Residência Médica ao introduzir os especialistas na avaliação dos programas”, comenta Barros, que afirma ainda que Lopes é uma das maiores autoridades médicas do pais, que estava dedicando o seu tempo para a formação dos médicos brasileiros.