Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Pela 9ª vez, celebraremos o Dia do Clínico no próximo dia 16 de março. A data é uma das muitas conquistas da Sociedade Brasileira de Clínica Médica para valorizar esse profissional, que muitas vezes é o primeiro contato do paciente em busca de cuidados e a personalização do cuidado integrado, que forma a base do diagnóstico e tratamento dele ou, quando necessário, torna-se um elo entre o doente e os outros médicos especialistas.

Desde que idealizamos a instituição, os desafios ao Clínico são variados e complexos, talvez por isso, torna-se ainda mais honrado representar essa especialidade que se confunde com a própria Medicina. Em contraponto à subespecialização, com conhecimentos profundos sobre regiões cada vez menores do corpo humano, a demanda da sociedade pelo olhar holístico do paciente tornou-se cada vez maior e, já em 1989, a lacuna social pela boa formação de médicos capazes de cuidar do paciente como um todo era crescente.

Foi assim que a Sociedade Brasileira de Clínica Médica foi desenvolvida, ainda numa sala da Associação Médica Brasileira, mas já com os quatro pilares que ainda nos estruturam:  valorização do clínico, democratização do conhecimento, fortalecimento da relação médico-paciente e a defesa do humanismo na medicina.

De lá para cá, foram muitas conquistas. Em 2002, tornou-se obrigatório que todo médico que optasse por uma subespecialidade clínica, se tornasse antes especialista em Clínica Médica. Essa foi uma conquista que chancelei quando assumi como Secretário Executivo da Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação. Tal medida teve como objetivo garantir a percepção global do paciente e uma maior compreensão das enfermidades recorrentes.

Ao longo dessas três décadas e meia, passamos a representar mais de 50 mil especialistas brasileiros, realizamos 17 edições de Congresso Brasileiro da especialidade, temos representações regionais em 14 unidades federativas, intitulamos mais de 5,2 mil especialistas em Clínica Médica rigorosamente avaliados em concursos entre outras ações em prol do acadêmico ou do clínico experiente.

E, como não podemos deixar de defender o bom exercício profissional, também apoiamos que a residência médica fosse mantida em dois anos, outra vitória, dessa vez contra a exploração da mão de obra do jovem médico a baixo custo.

Tanto em prol dos clínicos, como pelo paciente brasileiro, defendemos a aplicação do Revalida e mantemos resistência contrária à abertura desenfreada de cursos de medicina que não atendem nem aos critérios mínimos para o ensino. Portanto, apoiar a SBCM é apoiar a defesa profissional dos clínicos e a prestação de atendimento de melhor qualidade aos pacientes!

Em tempos de perda do potencial humanístico no ensino da Medicina, a ética, a moral, a postura e o compromisso são valores que enriquecem nosso campo de atuação.

Parabéns, clínicos! Que este dia continue representando a nossa luta pelo fortalecimento dos ideais do humanismo e da relação harmônica entre médicos e pacientes.