Goiás chega ao fim de 2010 com o maior número de mortes provocadas por dengue da década no Estado. Foram 70 vítimas fatais, segundo dados divulgados na tarde desta quinta-feira (16) pela Secretaria Estadual de Saúde. Desse total, 43 foram decorrentes de complicações da doença e 27 de febre hemorrágica da dengue.

O número é 55,5% maior que o registrado no ano passado, quando 45 pessoas morreram. Até a última semana de dezembro, a quantidade de óbitos pode ser ainda maior, já que 38 mortes suspeitas estão sendo investigadas, 17 delas registradas nos últimos três meses, o que indica que a transmissão da doença continua em alta.

O número de notificações também é recorde. Até o último dia 11 de dezembro, foram registrados 109.056 casos de dengue em Goiás – 173,4% maior que no mesmo período do ano passado. Já são 182 municípios – de um total de 246 – com alto risco de epidemia.

A maioria absoluta das notificações ainda se concentra em Goiânia, onde foram registrados 43.956 casos da doença. A capital é a 11ª entre as 14 consideradas em situação de alerta pelo Ministério da Saúde.

Proliferação

No fim de 2009, as estatísticas já davam mostras da proliferação da dengue em todo o Estado. Em outubro foram registrados cerca de 1 mil casos por semana. Na primeira semana de janeiro foram mais de 5 mil casos e na segunda, quase 7 mil.

A superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde, Elizabeth Araújo, atribui o aumento recorde à falta de ações continuadas no combate à dengue. “Como nos últimos três anos o número de casos foi pequeno, os secretários de saúde começaram a se acomodar. Não se ouviu mais falar em manejo ambiental e mobilização da comunidade”, acentua.

Araújo explica que as primeiras chuvas de 2009 chegaram com as cidades sujas e sem agentes de saúde nem estrutura suficiente para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti. A superintendente ainda destaca que, esse ano, voltou a circular o vírus tipo 1 da doença, o que não era registrado há uma década. Atualmente, há três sorotipos em circulação, o que também preocupa as autoridades da área da saúde. A orientação é para que toda a população reforce as medidas já consagradas no combate ao mosquito, principalmente no período de chuva.