Diante da gravidade do COVID-19 e do crescente número de opiniões infundadas sobre o tratamento da doença, venho compartilhar com você, caro leitor, minha opinião sobre o uso da cloroquina e de corticoides no controle da pandemia. Não é um palpite, mas uma certeza adquirida em décadas de exercício clínico da medicina.

A Cloroquina não tem ação protetora sobre os tecidos, mas sim, antiviral. E essa ação é potencializada pelo Zinco. Conhecendo-se fisiopatologia, é fácil saber que o vírus determina liberação de citocinas, mediadores que possuem ação citotóxica no pulmão e que ativam a cascata de coagulação - via cascata do ácido aracdônico - com produção de tromboxane, leucotrieno B4 e consequente trombose em vasos pulmonares. Também há quebra da cadeia de hemoglobina com liberação de Ferro que deposita no pulmão e é responsável, em parte, pela imagem em vidro fosco observado no Raio-X. Daí o Dimero D estar elevado e sua curva ser, na minha opinião, elemento de prognóstico. Caso seu valor seja duas vezes o normal, trata-se de critério para internação.



Portanto, diante dessa minha opinião fisiopatológica na infecção pelo COVID-19, a Cloroquina, largamente utilizada no tratamento da malária e outras doenças prevalentes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, tem potencial de destruir o agente invasor, mas não de regenerar o pulmão. E deve ser aplicada logo nos primeiros sintomas da doença associada ao Zinco, Azytromicina e ao uso de anticoagulante – talvez até Aspirina – como parte do tratamento.

É urgente ressaltar que a cloroquina não pode ser utilizada como forma de prevenção, muito menos como automedicação.

Reforço, no entanto, que essa é minha visão fisiopatológica da doença, pois hoje nos interessa o estado molecular do doente e não apenas os números.

A COVID-19 tornou-se exercício de opiniões insustentáveis. Entre as sugestões levantadas, está até o corticoide. Uma ideia que provavelmente surgiu por interesses econômicos e é completamente avessa à fisiopatologia da doença.  Um completo absurdo, a ser contraindicado.

Lamento o uso político da cloroquina, retardando sua aplicação prática; e do corticoide, colocando-o perigosamente em evidência. É necessário know-how para contribuir à polêmica e colocar o interesse da comunidade como objetivo primeiro.

Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica