Uma escola médica precisa, necessariamente, de uma visão humanística dos cidadãos, além de profunda clareza de seu papel social. Não basta apenas repassar conteúdos científicos, possuir estrutura adequada e corpo docente de excelência. É insuficiente estar somente envolvido com o ensino, assistência e pesquisa, pois esses são itens básicos para qualquer curso de medicina, portanto, o mínimo que se espera de uma instituição dessas.



Uma boa formação vai bem mais longe; valoriza e ensina o humanismo. É exatamente essa visão cidadã da saúde que falta na educação atualmente oferecida. É obrigação da faculdade de medicina formar os médicos que o país precisa, profissionais sem preconceitos e com amor verdadeiro ao exercício da profissão e aos pacientes.Digo amor aos pacientes, pois médico precisa gostar de gente. Seu dia a dia é um eterno relacionar-se. A começar de sua formação, para a qual depende de professores, orientadores, funcionários, e outros.

Esse é o tipo de conceito que faz toda a diferença na medicina. As grandes conquistas dependem em muito do humanismo. Um exemplo: de acordo com o Ranking Universitário da Folha de São Paulo 2013, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP), instituição na qual exerço o cargo de diretor, é a melhor do Brasil em ensino e a segunda colocada em avaliação do mercado. Em um tempo em que se tornou comum abrir uma faculdade de medicina a cada esquina, sem muitos critérios, faço questão de destacar que o motivo do sucesso da EPM é ter o aluno como um indivíduo e não apenas um número. Em outras palavras, manter uma equipe que gosta de gente.

Toda tarefa difícil é feita de etapas. É muito importante que todas as escolas médicas adotem o espírito cooperativo porque a interação efetiva com os futuros médicos, que dá estímulo e entusiasmo a eles, talvez seja o primeiro passo para a melhoria da saúde no Brasil.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e diretor da Escola Paulista de Medicina