O infeliz episódio da médica Thauane Nunes Ferreira ganhou espaço nos meios de comunicação de todo Brasil. Presa em flagrante em Ferraz de Vasconcelos, município paulista, usando dedos de silicone para validar a presença de colegas que não estavam cumprindo plantão no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ao ser detida, acusou 11 médicos e 20 enfermeiros de agirem da mesma forma. O caso gerou um grande questionamento sobre ética médica. Feriu os princípios básicos explícitos inclusive no Juramento de Hipócrates, tradicionalmente feito por todo médico quando conclui o curso de Medicina. “Exercerei minha profissão com consciência e dignidade. A saúde do meu paciente constituirá minha principal preocupação”. A atitude vergonhosa que vimos nos jornais contradiz todo e qualquer conceito de probidade na medicina. E se acaso um paciente morrer por falta de atendimento decorrente da ausência de médicos?



Quem opta pela carreira médica deve ter ciência do peso da responsabilidade de lidar diariamente com o bem mais precioso que existe: a vida. Ao se graduar, o médico assume uma responsabilidade com a sociedade, onde o dinheiro e a corrupção não podem falar mais alto, ele deve priorizar a honestidade e o exercício digno de seu ofício.

Infelizmente, pessoas como essas maculam a imagem da categoria e motivam a desconfiança dos pacientes. Portanto, o que desejamos é que os responsáveis sejam punidos no rigor da Lei.

É necessário que haja maior fiscalização e que a Justiça seja feita tanto nesse evento quanto nos que surgirem futuramente. Enquanto alguns trabalham de forma correta, outros agem de má fé. E a saúde da população permanece comprometida.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica