Quando se fala em Medicina de Urgência no Brasil, imediatamente vislumbra-se o desleixo de gestores e autoridades. Só para se ter uma idéia, recente levantamento de uma associação nacional de médicos constatou que 51,9% dos Estados têm carência de leitos de UTI, tanto na rede pública quanto na privada. É obvio que o Ministério da Saúde contesta esses dados, assim como contesta o aumento de casos de dengue, de leshimaniose, de febre amarela e tantos outros indicadores vergonhosos para o país. Mas a realidade está aí e só não vê quem não quer.

Infelizmente, parte do problema atende pelo nome de falta de prioridade, já que a Medicina de Urgência no Brasil não é encarada com seriedade pelas autoridades. A ausência de compromisso com o bem-estar dos cidadãos tem como uma de suas consequências os índices alarmantes de mortalidade nos serviços de emergência. Um médico bem preparado para o atendimento de urgência é aquele que teve vivência à beira do leito e o privilégio de ter sido acompanhado por um bom preceptor, o que nem sempre acontece. Para isso, mudanças estruturais importantes precisariam acontecer no programa de Residência Médica no Brasil no sentido de permitir mais qualidade na formação do médico e não simplesmente maior disponibilidade de vagas que, como vimos recentemente, acabam nem sendo totalmente preenchidas.

Outro equívoco grave é achar que fazer da Medicina de Urgência e Emergência uma especialidade médica seria a solução dos problemas endêmicos de atendimento nos hospitais e salas de emergência. Não é título de especialista que qualifica o profissional emergencista. Esse tipo de proposta, certamente vinda de pessoas que não possuem titulação acadêmica, associativa e profissional que os qualifique para tal, é apenas um mero paliativo para uma doença bem mais grave que é o mau atendimento prestado à população. Essa doença se corrige ou previne apenas com atenção à formação do médico, atualização profissional permanente e investimento na melhoria da estrutura física dos hospitais.

Precisamos estar atentos ao fato de que não é apenas o médico generalista que atua na emergência. Para que ele preste um bom serviço, precisa contar com o respaldo de uma equipe multidisciplinar formada também por enfermeiros, fisioterapeutas e profissionais das várias especialidades médicas que, afinal de contas, também possuem interface com a urgência e emergência.

A Sociedade Brasileira de Clínica Médica, a qual tenho a honra de presidir, busca mudar essa situação, inclusive com um processo de conscientização da comunidade leiga. Nos últimos anos, além de incentivar a criação e o aumento da carga horária da disciplina de Medicina de Urgência e Emergência nas várias escolas médicas, tem trabalhado arduamente para qualificar continuamente os profissionais da área para que estejam mais aptos a prestar assistência adequada à população, além de reduzir o tempo de internação, evitar e/ou tratar sequelas de pacientes e, dessa forma, colaborar com a melhoria e resolutividade do sistema de saúde.

Isso sim é colocar a mão na massa. Afinal deve prevalecer um único objetivo: a Medicina de Urgência e Emergência precisa ter como foco o paciente, única e exclusivamente.

Quando se fala em Medicina de Urgência no Brasil, imediatamente vislumbra-se o desleixo de gestores e autoridades. Só para se ter uma idéia, recente levantamento de uma associação nacional de médicos constatou que 51,9% dos Estados têm carência de leitos de UTI, tanto na rede pública quanto na privada. É obvio que o Ministério da Saúde contesta esses dados, assim como contesta o aumento de casos de dengue, de leshimaniose, de febre amarela e tantos outros indicadores vergonhosos para o país. Mas a realidade está aí e só não vê quem não quer.

Infelizmente, parte do problema atende pelo nome de falta de prioridade, já que a Medicina de Urgência no Brasil não é encarada com seriedade pelas autoridades. A ausência de compromisso com o bem-estar dos cidadãos tem como uma de suas consequências os índices alarmantes de mortalidade nos serviços de emergência. Um médico bem preparado para o atendimento de urgência é aquele que teve vivência à beira do leito e o privilégio de ter sido acompanhado por um bom preceptor, o que nem sempre acontece. Para isso, mudanças estruturais importantes precisariam acontecer no programa de Residência Médica no Brasil no sentido de permitir mais qualidade na formação do médico e não simplesmente maior disponibilidade de vagas que, como vimos recentemente, acabam nem sendo totalmente preenchidas.

Outro equívoco grave é achar que fazer da Medicina de Urgência e Emergência uma especialidade médica seria a solução dos problemas endêmicos de atendimento nos hospitais e salas de emergência. Não é título de especialista que qualifica o profissional emergencista. Esse tipo de proposta, certamente vinda de pessoas que não possuem titulação acadêmica, associativa e profissional que os qualifique para tal, é apenas um mero paliativo para uma doença bem mais grave que é o mau atendimento prestado à população. Essa doença se corrige ou previne apenas com atenção à formação do médico, atualização profissional permanente e investimento na melhoria da estrutura física dos hospitais.

Precisamos estar atentos ao fato de que não é apenas o médico generalista que atua na emergência. Para que ele preste um bom serviço, precisa contar com o respaldo de uma equipe multidisciplinar formada também por enfermeiros, fisioterapeutas e profissionais das várias especialidades médicas que, afinal de contas, também possuem interface com a urgência e emergência.

A Sociedade Brasileira de Clínica Médica, a qual tenho a honra de presidir, busca mudar essa situação, inclusive com um processo de conscientização da comunidade leiga. Nos últimos anos, além de incentivar a criação e o aumento da carga horária da disciplina de Medicina de Urgência e Emergência nas várias escolas médicas, tem trabalhado arduamente para qualificar continuamente os profissionais da área para que estejam mais aptos a prestar assistência adequada à população, além de reduzir o tempo de internação, evitar e/ou tratar sequelas de pacientes e, dessa forma, colaborar com a melhoria e resolutividade do sistema de saúde.

Isso sim é colocar a mão na massa. Afinal deve prevalecer um único objetivo: a Medicina de Urgência e Emergência precisa ter como foco o paciente, única e exclusivamente.

 

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 08/04/2010 no Portal da APM

Artigo publicado em 08/04/2010 no jornal Acorda Pará

Artigo publicado em 09/04/2010 no jornal Bom Dia Santa Catarina

Artigo publicado em 13/04/2010 no jornal Comércio de Jahu