Hoje em dia o consciente popular já faz a correta associação entre sol, calor e cuidados com a pele. Porém, passado o verão desaparecem as campanhas de informação sobre os perigos da radiação solar e muitas pessoas se esquecem que, apesar do frio, a pele continua exposta a diversos agentes agressores.

Vento, ar seco, poluição e os raios ultravioleta, agem com certa regularidade durante o ano inteiro. Ainda que em menor quantidade, a radiação presente do nascer ao pôr do sol durante o outono e o inverno, também oferece riscos e danos, como o fotoenvelhecimento, as manchas e o câncer de pele.

A pele é o maior órgão humano e tem como funções proteger o corpo do calor, da luz e de infecções, assim como regular a temperatura e a hidratação corpórea. É também o principal alvo do câncer. O câncer de pele corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. Felizmente, o tipo mais agressivo da doença, o melanoma, é também o menos frequente. Mas qualquer que seja o caso, tem de ser diagnosticado e tratado o quanto antes para que sejam aumentadas as chances de cura.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o número de novos casos de câncer de pele não melanoma estimados para o Brasil é de quase 56 mil entre homens e mais de 59 mil entre as mulheres. Todos eles podem estar relacionados à exposição desprotegida ao sol acumulada ao longo da vida, pois o câncer de pele é mais comum exatamente nas áreas expostas, como o rosto, os braços e o tronco.

Portanto é necessário não descuidar da pele, já que a radiação solar nunca deixa de ser perigosa. No inverno e mesmo em ambientes fechados, é preciso manter o uso do protetor solar para evitar surpresas desagradáveis. Além disso, as baixas temperaturas também levam ao ressecamento da pele em virtude dos ventos fortes e do ar seco que propiciam a evaporação da água do corpo. Portanto, é um erro diminuir o consumo de água e de outros líquidos na época de frio.Ressecada, e com a transpiração reduzida, a pele também fica menos lubrificada, favorecendo uma série de problemas dermatológicos, como descamação, coceira, dermatite atópica ou eczemas.

As pessoas também devem estar atentas à temperatura do banho. Água muito quente em banhos prolongados não é recomendada. O ideal é um banho morno e breve, para que a oleosidade natural da pele não seja prejudicada. O sabonete deve ser usado para as regiões íntimas, pés e axilas, e shampoo para o cabelo. Hábitos como esses evitam a remoção da camada de gordura protetora da pele.

Após a higiene, um bom creme hidratante ajuda a manter a pele saudável. Para isso, é importante a indicação de um especialista, pois cada tipo de pele exige produtos adequados.

O dermatologista também deve ser consultado periodicamente para avaliar todas as manchas, pintas e sardas. É preciso atenção em caso de ferida que demore a cicatrizar ou pintas escuras que aumentam de tamanho ou mudam de cor e textura. A recomendação é cuidar-se bem o ano todo.

Artigo produzido por Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica com colaboração de Ana Carolina Ferolla, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia

Artigo publicado na Gazeta Mercantil/Caderno D – Pág. 7 no dia 21 de maio de 2009