Prevalência de má absorção de lactose e de marcadores sorológicos de doença celíaca em pacientes com doença inflamatória intestinal

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João Henrique Zucco Viesi
Janaína Luz Narciso-Schiavon
Leonardo de Lucca Schiavon

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Os estudos que avaliaram a prevalência de doença celíaca e intolerância à lactose em portadores de doença inflamatória intestinal são escassos e produziram resultados conflitantes. O reconhecimento da associação dessas doenças possui relevância clínica, já que os seus sintomas são semelhantes, dificultando o manuseio clínico desses pacientes. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de má absorção de lactose e de positividade para marcadores sorológicos de doença celíaca em portadores de doença inflamatória intestinal. MÉTODOS: Estudo observacional transversal que incluiu pacientes adultos portadores de doença inflamatória intestinal em acompanhamento entre abril e dezembro de 2011. Os resultados dos exames foram extraídos dos prontuários médicos. Os pacientes foram comparados quanto ao tipo de doença inflamatória intestinal e quanto à presença de teste de tolerância oral à lactose alterado. RESULTADOS: Foram incluídos 54 pacientes, sendo 56% do sexo feminino, com média de idade de 34,6 ± 13,4 anos. Quanto ao diagnóstico, observou-se retocolite ulcerativa em 30 pacientes e doença de Crohn em 24 pacientes. Nenhum dos pacientes pesquisados apresentou marcadores sorológicos para doença celíaca (antiendomísio e/ou antitransglutaminase). Teste de tolerância oral à lactose alterado foi notado em metade dos pacientes e foi associado a menor idade ao diagnóstico. CONCLUSÃO: Neste estudo, nenhum indivíduo apresentou positividade para marcador sorológico de doença celíaca. A prevalência de má absorção de lactose foi semelhante ao descrito para a população geral, não havendo uma relação entre teste de tolerância oral à lactose alterado e variáveis especificamente relacionadas às doenças inflamatórias intestinais. Esse achado sugere que a má absorção de lactose nesse grupo se deva mais à deficiência primária de lactase do que às alterações patológicas do trato digestivo.

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Artigos Originais