Tempos de atendimento e desfechos no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento ST

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Adriano Heemann Pereira Neto
Carisi Polanczyk

Resumo

Objetivo: Comparar os tempos de tratamento dor-porta e porta-balão em indivíduos com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento ST com os desfechos cardiovasculares em 30 dias. Métodos: Trata-se de uma coorte histórica, realizada por meio da pesquisa de prontuários eletrônicos e dos bancos de dados já existentes dos serviços de hemodinâmica de todos os indivíduos atendidos com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento ST e submetidos à angioplastia, no período de março de 2015 a setembro de 2016, em dois hospitais públicos de grande porte de Porto Alegre (RS). Os desfechos foram o óbito intra-hospitalar e em 30 dias e os eventos cardíacos maiores hospitalares e em 30 dias. Resultados: Foram avaliadas as informações de 808 indivíduos, sendo 26,9% provenientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e 73,1% do Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia. Não houve diferença significativa na caracterização da amostra. Um terço dos indivíduos analisados apresentou tempo dor- -porta menor ou igual a 180 minutos, e 72% tiveram tempo porta-balão menor que 90 minutos. A mediana do tempo total de isquemia foi de 338 minutos. Na avaliação dos tempos não houve diferença significativa entre os dois hospitais. Para eventos cardíacos maiores e óbitos intra- -hospitalares, o único tempo que se mostrou significativo, após o ajuste multivariado, foi o porta-balão, em que os indivíduos com tempo maior que 90 minutos apresentaram razão de risco de 1,06 (IC95% 1,02-1,11) e 5,78 (IC95% 1,44-23,2), respectivamente, para eventos cardíacos maiores e óbitos intra-hospitalares. Para eventos cardíacos maiores total e óbito total, nenhum dos três tempos se associou significativamente com o desfecho após ajuste. Contudo, o tempo porta-balão maior ou igual a 90 minutos também foi significativo para razão de risco bruto para ambos, assim como a dor-porta para óbito total. Conclusão: Os dados da pesquisa corroboram as recomendações internacionais para cumprimento dos menores tempos de atendimento, em especial do tempo porta-balão, para o bom prognóstico. Infelizmente, no país, o tempo de isquemia miocárdica ainda está muito aquém do ótimo, necessitando de melhorias na área para melhorar os desfechos nesses indivíduos 

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Artigos Originais