Para exercer a Medicina é preciso ter foco no indivíduo, em sua qualidade de vida e bem-estar. Nesse caso, falar em humanização pode parecer redundante. Em certas situações, fica inclusive a impressão de tratar-se apenas de recurso retórico.

O fato, no entanto, é que vivemos no Brasil, país até bem posicionado na geografia econômica mundial, mas absolutamente miserável em políticas sociais. Dia a dia, vemos na imprensa hospitais sucateados, pacientes jogados em corredores à espera de internação, mal tratados e desrespeitados. Faltam recursos à assistência adequada e, pior do que isso, não há vontade política nem postura cidadã de boa parte dos gestores, tanto nos sistemas público quanto no privado.

Para exercer a Medicina é preciso ter foco no indivíduo, em sua qualidade de vida e bem-estar. Nesse caso, falar em humanização pode parecer redundante. Em certas situações, fica inclusive a impressão de tratar-se apenas de recurso retórico.

O fato, no entanto, é que vivemos no Brasil, país até bem posicionado na geografia econômica mundial, mas absolutamente miserável em políticas sociais. Dia a dia, vemos na imprensa hospitais sucateados, pacientes jogados em corredores à espera de internação, mal tratados e desrespeitados. Faltam recursos à assistência adequada e, pior do que isso, não há vontade política nem postura cidadã de boa parte dos gestores, tanto nos sistemas público quanto no privado.

Não bastasse a carência de recursos e a incompetência administrativa, há outras agravantes que comprometem a qualidade do atendimento, tornando nossa medicina e a saúde perigosamente desumanizadas. Começamos pela formação médica, cada vez mais frágil e inconsistente, atingindo, inclusive, escolas médicas tidas como modelo. Surgem novas faculdades todos os dias numa roleta russa que visa somente à quantidade. O resultado é um mercado inflado anualmente por profissionais com capacitação insuficiente.

Com mão de obra excedente, o Estado e empresários da saúde seguem a cartilha da mercantilização. Praticam honorários vis, obrigando médicos a acumular vários trabalhos para compor uma renda minimamente digna. Assim, boa parte se submete a plantões de 24 horas, seguidos por jornadas de 12 horas no dia seguinte, só para citar um exemplo. Enfim, colocam em risco a própria integridade, além de também por em risco os pacientes. Todos esses problemas somados à incompetência administrativa, transformam nossa medicina em caso de polícia.

Diante de tal quadro, humanizar a medicina não é chavão nem exercício de retórica. É uma necessidade imperiosa, que passa pela mudança de mentalidade de todos os agentes do sistema.

Vivemos tempos de grande avanço econômico e tecnológico, mas nada substitui o tratamento humanizado, nada é mais importante do que a medicina à beira do leito. Como sempre digo, o doente deve morrer de mãos dadas com o seu médico. Não podemos aceitar a norma do duplo anonimato – doente não tem nome e nem médico.

Humanizar a medicina é mais simples que parece e a Medicina deve ser aprendida ao lado de quem sabe, pelo testemunho da presença daquele que ensina que deve ter formação para tal.

Na futura EPM é preciso valorizar a graduação, a relação médico-paciente, o humanismo e ensinar o aluno a pensar, aprender a construir seu conhecimento através do exemplo e assistência do preceptor.

Médico que não gosta de gente não pode exercer a Medicina e nem ensiná-la. Para isso, torna-se fundamental na EPM a valorização do docente da área profissional, contemplando seu currículo não com publicações que não levam a nada, mas com pontuação acadêmica para suas atividades de ensino, assistência e extensão. Todos devem ter oportunidade e merecem estímulo. Por isso, EPM para todos!

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica