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A grande maioria da população brasileira acredita que a melhor forma de avaliar os alunos e melhorar a qualidade do ensino de Medicina é por meio de avaliações regulares ao longo do curso – 86% consideram a proposta ótima ou boa. Para 91%, os alunos com desempenho ruim nas provas de 6º ano, já previstas na Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem) que o Governo pretende colocar em prática já a partir deste ano, não devem receber diploma.

Estas são algumas das conclusões da pesquisa que o Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou com o apoio do Instituto de Pesquisas Datafolha. Foram ouvidos 2.086 brasileiros, com idades a partir de 16 anos, entre os dias 31 de agosto e 3 de setembro de 2016. O estudo ouviu moradores de todos os Estados e de todas as Regiões do País e teve como objetivo conhecer a opinião dos brasileiros sobre a realização desses exames de avaliação junto aos alunos das escolas médicas. 



Os entrevistados responderam perguntas sobre a formação dos médicos, a qualidade do ensino e como melhorá-la. Também foi medida a percepção sobre os pontos que interferem na qualidade da educação médica e sobre a atuação fiscalizadora do governo.

Resultados – As avaliações regulares, com provas no segundo, no quarto e no fim do sexto ano, foram defendidas de maneira enfática pela população para medir os níveis de conhecimento, das atitudes e das habilidades dos alunos de medicina que estão na faculdade. Para 86% dos brasileiros essa é a forma ideal para fazer essa medida. Apenas 16% consideram mais adequada a realizada de uma única prova, no fim do curso.

No caso da avaliação dos alunos em fim de curso (6 º ano), a maioria absoluta da população entende que eles não devem receber o diploma de graduação em caso de resultado ruim nas provas de avaliação aplicadas no período. Contudo, 89% acredita que devem ser oferecidas aos reprovados as chances de recuperação dos conteúdos perdidos e de refazer todas as provas, incluindo aquelas onde o desempenho foi bom.

Para os brasileiros, a aplicação desta série de provas trará resultados positivos para o País. Eles acreditam que, em consequência, os médicos recém graduados estarão melhor preparados para fazer o diagnóstico e prescrever tratamentos. O processo ainda contribuiria para o aumento da satisfação dos pacientes com o atendimento e teria impacto na melhora da relação direta entre o médico e o paciente.

A avaliação do estudante de medicina e das instituições de ensino médico tem sido alvo central de atenção do Conselho Federal de Medicina. Para avançar nas discussões e propostas, a autarquia promove debates e parcerias com as principais entidades do país envolvidas com o assunto como Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Associação Médica Brasileira (AMB), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), além de representações estudantis e universidades públicas e privadas.

Este ano, o 1º Fórum Nacional de Integração do Médico Jovem, em agosto, por exemplo, provocou reflexões sobre a formação dos médicos brasileiros. Para continuar amadurecendo os debates, em outubro, nos dias 6 e 7, a autarquia promove o VII Fórum Nacional de Ensino Médico, que discutirá prioritariamente esse tema.

“O movimento médico continua firme no propósito de lutar por investimento em formação e capacitação de docentes e preceptores, e garantir que as avaliações sejam de fato formativas para o aluno e diagnósticas e devolutivas para as instituições de ensino médico”, afirma o coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM, Lúcio Flávio Gonzaga Silva.

Qualidade do ensino em medicina  

Para 52% dos brasileiros, o governo não fiscaliza a qualidade dos cursos de medicina no Brasil. Este é outro ponto de destaque da pesquisa CFM/Datafolha, que avaliou a percepção dos brasileiros sobre o tema. Dentre os que acreditam que há um monitoramento, 47% o classificam como péssimo, ruim ou regular. No Sudeste e nas Regiões Metropolitanas a população é mais crítica: 56% dos respondentes classificam a fiscalização do governo como péssima, ruim ou regular.

De acordo com a pesquisa, os entrevistados apontam, entre os principais problemas que interferem na qualidade dos cursos das faculdades de medicina no Brasil, a falta de hospitais de ensino e a de professores qualificados e preparados. Outros itens mencionados são a falta de fiscalização e de monitoramento dos cursos, falta de boas instalações, salas de aula e de laboratórios, além de grade de programas e matérias fracas ou insuficientes.

Ano passado, o CFM colocou no ar, em seu site, uma ferramenta que permite verificar a distância entre o ideal e o real na estrutura das escolas médica. A plataforma Radiografia das Escolas Médicas do Brasil traz números preocupantes. Os dados apontam que há um número importante de instituições de ensino que continuam a ser inauguradas sem o atendimento às exigências mínimas estabelecidas em portarias dos Ministérios da Educação e da Saúde.

Atualmente, o Brasil tem 271 escolas médicas e é superado apenas pela Índia, com 381 escolas e população seis vezes maior (país mais populoso do planeta). As informações, em constante atualização, podem ser acessadas na página https://goo.gl/c8uqgC. Neste endereço, os internautas encontram dados sobre cada escola em funcionamento ou autorizada pelo MEC, além de indicadores sobre a rede de saúde nos municípios ou regiões de saúde onde elas estão inseridas. Com interface amigável e de formato interativo, é possível cruzar dados, permitindo uma visão ampla e geográfica do ensino médico na graduação.

*Fonte: CFM