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16 Abril 2024
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Medicina, palavra de origem latina, significa “arte de curar”. 

O médico é, de fato, um artista em busca da beleza e da qualidade de vida da vida. Em seu mister, precisa de aguçada sensibilidade para enxergar, escutar e sentir o mundo ao redor, apresentado de tão variadas e singulares formas, para que possa alcançar o objetivo maior: a cura ou o mais próximo que conseguir chegar dela. 

Esta arte é obrigatoriamente humana e envolve paciência e atenção aos detalhes. Porém, o que se vê nas últimas décadas, é que a prática médica tem sido envolvida por relações de interesse. A engrenagem que faz nosso sistema de saúde funcionar está distanciando o profissional do paciente, visando cada vez mais o lucro e deixando de lado princípios básicos e tradicionais.



A medicina está perdendo seu lado humanístico. Interesses econômicos falam mais alto e muitas vezes tomam foco os equipamentos tecnológicos e medicamentos que dão mais lucro, em vez de priorizar relações individuais essenciais à efetiva prática médica. 

É claro que os aparatos tecnológicos e os avanços farmacêuticos são relevantes, pois trouxeram mais praticidade e precisão aos diagnósticos. Mas deveriam ser tratados como complementares à anamnese, aos exames clínicos e à atuação à beira do leito. Em um tratamento, o fundamental continua sendo a relação de confiança entre médico e paciente: o olho no olho, ouvidos abertos e a proximidade com o enfermo, que precisa de total atenção. 


É famosa e sábia a frase de Hipócrates, pensador grego, o pai da medicina: “É mais importante conhecer o doente que tem a doença, do que a doença que o doente tem”. 

As escolas médicas brasileiras, faz décadas, não valorizam o humanismo. É perceptível que o ensino esteja cada vez mais decadente, já que a formação do médico é precária e cheia de falhas. Empresários da educação criam faculdades médicas como máquinas de caça-níqueis, não se preocupam nem um pouco em oferecer conhecimento adequado nem base bioética. 

A velha e boa medicina de família, caracterizada pelo modo tradicional de diagnosticar e acompanhar o enfermo encontra-se em risco. Contudo, há quem resista, e alternativas alvissareiras felizmente ainda persistem. Um bom exemplo vem sendo dado pela recém-criada Escola Paulista de Clínica Médica (EPCM), cuja filosofia está centrada na busca da formação global do médico, baseada em uma conduta humanística. 

A meta é incentivar o aluno a “aprender a aprender”, além de primar pela construção de valores e pela proximidade entre médico e paciente, além de estimular a atuação à beira do leito ao lado daquele mestre que verdadeiramente ensina. É assim que se constrói uma relação de confiança: colocando o profissional de medicina próximo que quem mais precisa.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica