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15 Março 2024
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Cidadão à moda antiga, sou um daqueles que ainda acreditam que educação é assunto seríssimo, a despeito de certas autoridades públicas e dos maus políticos que disparam promessas generalistas sobre o tema durante o horário eleitoral. Tenho convicção de que grande parte dos problemas do Brasil seria solucionada se o governo investisse mais no setor. Caso contrário, permaneceremos eternos reféns de resultados como o ranking de educação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgado no início deste ano, em que o Brasil ocupa o amargo 35º lugar, penúltima posição do levantamento.

 

Mas a cruel realidade da educação de nosso País não se limita apenas aos ensinos fundamental e médio. O descaso com o conhecimento adentra os corredores de diversas universidades. Infelizmente, nem a Medicina, onde os alunos lidam com vidas, está a salvo desse cenário.

 

A edição 2013 do exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), que inclui perguntas de práticas clínicas extremamente básicas, reprovou 59,2% dos 2.843 recém-formados em São Paulo. Este número mostra que os novos profissionais estão saindo despreparados das faculdades. Levamos em consideração ainda que as novas escolas criadas a granel não estão colocando no mercado o produto final.

 

A verdade por trás desse percentual alto de reprovação é uma só: no Brasil, abre-se uma faculdade de Medicina a cada esquina. Vivemos uma situação em que a fiscalização governamental do ensino médico é ineficiente, os cursos não contam com a infraestrutura e preceptorias necessárias, e, enfim, valoriza-se mais os interesses capitalistas dos dirigentes da instituição do que a qualidade da formação.

 

Na grande maioria das faculdades médicas, não há a disponibilidade de recursos mínimos de trabalho, os estudantes sofrem com a frequente ausência de colaboradores e de espaço físico. O modo como o conteúdo é passado não fica de fora dessa sequência de erros, pois falta a visão humanística do paciente, do incentivo a uma relação médico-paciente compromissada e saudável.

 

A Medicina se aprende ao lado de quem sabe, contemplando hábitos e atitudes e valorizando o coletivo. Não é apenas a imensidão de dados da literatura médica, de tecnologias inovadoras e estudos científicos, em que o paciente é visto friamente como um conjunto de doenças. O bom médico deve ter o trato para lidar com pessoas, saber dar as notícias de diagnóstico de maneira tranquilizadora, conversar com o paciente e ter a ética da atualização constante; em outras palavras, amar o que faz.

 

Por isso, é de teor fundamental que sejam estabelecidos critérios mais rígidos para abertura de cursos e faculdades de Medicina no Brasil.

 

Beira ao ridículo ter de lembrar aos nossos ilustres governantes que a educação e a saúde são temas primordiais, e não somente itens essenciais do falatório político. Aproveitando a oportunidade, mando-lhes mais um lembrete: a vida do brasileiro não é descartável e merece respeito.

 

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e diretor da Escola Paulista de Medicina