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O processo eleitoral de 2013 teve como estrela central um tema recorrente nos últimos pleitos: a saúde. Faz ao menos vinte anos que o assunto ocupa os debates políticos, ensejando promessas de candidatados em todos os níveis de poder, de vereador a presidente da República. O eleitor, contudo, de prático tem recebido quase nada. Prosseguimos com problemas históricos, como a dificuldade de acesso ao atendimento médico de qualidade, a ineficácia na gestão, a desvalorização dos recursos humanos e assim por diante. Encerrada a contagem dos votos, saem das urnas nossas novas autoridades públicas. São prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, aos quais devemos perguntar em tom de cobrança: “E agora, o que os senhores farão de fato?”.



Não podemos, como em passado recente, nos omitir frente uma responsabilidade que cabe a cada um dos brasileiros. Ao colocarmos alguém em cargo público, estamos transferindo a ele representatividade, responsabilidades e, acima de tudo, a obrigação de bem encaminhar nossas demandas e anseios. Os políticos nada mais são do que funcionários públicos que devem eficiência, resolubilidade, transparência e respeito ao seu empregador, nesse caso, o povo, que os remunera com dinheiro público e recursos advindos dos impostos. Portanto, sugiro olho vivo e pulso firme. Vamos acompanhar o cumprimento de promessas e exigir avanços reais. No caso da saúde, precisamos ampliar as equipes de saúde da família e dar a elas condições favoráveis à assistência de qualidade à comunidade. É fundamental também criar mais serviços para o atendimento básico por especialidades. Outra necessidade urgente diz respeito à dificuldade de acesso ao atendimento médico. A promessa de reduzir filas para consultas, exames e cirurgias não pode ficar apenas na retórica. É essencial que se repense todo o sistema de saúde sob a ótica do paciente. Garantir uma assistência básica mais completa, certamente desafogará hospitais e serviços de pronto-socorro, abrindo vagas e leitos para quem necessita realmente.

Sobre os recursos humanos é inegável que médicos, enfermeiros, demais profissionais da saúde e equipes de apoio precisam de remuneração adequada, possibilidades de reciclagem e desenvolvimento profissional, além de ferramentas eficientes para o atendimento aos cidadãos. Hoje, prefeituras não conseguem preencher seus quadros de funcionários, pois não levam à frente as políticas de valorização profissional.

Já no quesito gestão, falhas graves devem ser solucionadas de imediato. Gerir com transparência os recursos e informatizar todo o sistema de forma a permitir que as informações do paciente possam ser acessíveis a qualquer profissional de saúde, são formas de evitar desperdícios. Também se faz necessário qualificar os sistemas de referência e contrarreferência, evitando a subocupação de leitos e agilizando todos os demais processos da rede.

Enfim, desafios não faltam aos recém-eleitos, sejam eles prefeitos, vices ou vereadores. O que temos que fazer agora é exigir que as autoridades sejam tão eficientes no trabalho quanto  foram ao estrelar campanhas eleitorais.

Ao amigo cidadão, fica novamente meu conselho: olho vivo e pulso firme.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica