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Não é exagero dizer que médicos estudam a vida inteira. Depois que se formam, passam pela residência médica, especializações, e muitos deles ainda seguem por mestrados, doutorados, pós-doutorados. Sem contar que precisam paralelamente participar de congressos, cursos, simpósios e encontros para manterem-se atualizados. Tudo a custa de tempo e investimento de recursos.

E o que eles recebem em troca atualmente? Doze reais. Difícil acreditar que nos dias de hoje existem operadoras de saúde que pagam por uma consulta médica a vergonhosa quantia bruta de R$ 12. São exceções, claro, mas o valor médio (bruto) não ultrapassa R$ 50,00. Tirados todos os gastos de manutenção de consultório e impostos, sobra líquido algo em torno de R$ 5,00, segundo estudo recente da Associação Paulista de Medicina.



Não é difícil escutar um paciente reclamando que o seu médico de confiança deixou de atender pelo plano de saúde. Esta medida é muitas vezes a única alternativa encontrada pelo profissional para conseguir manter o seu consultório. A situação está à beira do caos.

Por esta razão, há ao menos uma década entidades médicas de todo o país promovem manifestações de alerta às operadoras e planos de saúde, bem como às autoridades, governo e população. Foi o que aconteceu recentemente, em 25 de abril, quando profissionais de medicina protestaram em todo o país. Na cidade de São Paulo, houve passeata na Avenida Paulista para alertar a população de que a situação se tornará insustentável sem uma grande mudança nas políticas de remuneração e condições de trabalho.

O atendimento não foi interrompido, pacientes não foram prejudicados. Tratou-se apenas de mais um grito de advertência de uma classe desprotegida em sua árdua missão de cuidar do próximo.

Enquanto os honorários médicos foram reajustados, em média em 50%, nos últimos 11 anos, os planos de saúde promoveram aumentos da ordem de 150% nas mensalidades pagas por seus usuários.

Temos consciência de que estes convênios são essenciais para cobrir a lacuna da falta de investimentos e de ineficiência da assistência pública. Se hoje o SUS oferece um atendimento aquém do que deveria e poderia, imaginemos o que aconteceria se outros 50 milhões de usuários passassem a depender dele da noite para o dia? Por este motivo, as reivindicações dos médicos buscam, apenas, oferecer condições dignas de trabalho, para que possamos dispensar aos cidadãos o atendimento que merecem.

De acordo com documento entregue à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pelas entidades médicas nacionais, as reivindicações são de aumento da remuneração para R$ 80 por consulta, data-base para reajuste, contratos formalizados e prazo fixo para pagamento de honorários. Outro ponto da maior relevância é o fim das interferências das operadoras na autonomia do médico. Não é possível mais trabalhar com limitações nos pedidos de exames, redução em tempo de internação ou negativas à realização de cirurgias. Estas decisões só cabem ao médico e a mais ninguém.

Sem uma resolução definitiva para estes entraves, fica cada vez mais difícil manter os médicos credenciados aos planos de saúde, especialmente àqueles que menos valorizam a medicina e os pacientes. Consequentemente, os doentes terão cada vez menos opções dentro das respectivas redes credenciadas, aguardando mais tempo por consultas e enfrentando maiores obstáculos para ter sua saúde e direitos assegurados.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica