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O Brasil é campeão da automedicação. Genéricos ou de marca, com ou sem prescrição, comprados em farmácias reais ou virtuais, o que não faltam são opções de medicamentos e diversas facilidades para adquiri-los, até mesmo no conforto de casa, sem precisar se locomover.

A opção é muito mais atraente e simples do que marcar uma consulta médica para, só então, tomar conhecimento do medicamento mais indicado, posologia, contraindicações e possíveis efeitos colaterais. Isso se o caso realmente necessitar de terapia medicamentosa, pois, muitas vezes, até chegar ao médico aquele sintoma já passou.



Pouca gente imagina, mas os medicamentos são o principal agente causador de intoxicação em seres humanos no Brasil, ocupando, desde 1994, o primeiro lugar nas estatísticas do Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas - SINITOX. As crianças menores de 5 anos representam cerca de 35% destes casos de intoxicação.

Recentemente, providências foram tomadas contra o abuso dos antibióticos. Hoje, sua venda é controlada e somente realizada mediante retenção de uma via da receita médica. Ponto para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que visa  combater um grave problema de saúde pública: o desenvolvimento de bactérias cada vez mais resistentes por conta do uso indevido ou incorreto dos antibióticos, o que fortalece os microorganismos.

Porém, com esta barreira para o uso abusivo, os pacientes passaram a utilizar outra classe de medicamentos, os anti-inflamatórios. Embora utilizem drogas diferentes, para fins distintos, eles vêm sendo adotados para todo o tipo de queixa, desde dores de cabeça, na coluna, dor de garganta, entre muitas outras.

Acontece que os anti-inflamatórios são remédios perigosos e, se administrados indiscriminadamente, podem fazer muito mal, provocando contração dos vasos, retenção de sódio e água, aumentando a pressão arterial, e colocando em risco o coração e os rins. Têm, ainda, ação lesiva sobre o fígado, provocam gastrite e lesão intestinal, tornando o indivíduo passível de desenvolver úlceras no aparelho digestivo. Outro risco importante, comum a automedicação de maneira geral, é o de mascarar doenças ou até agravá-las.

Maior restrição à venda destes medicamentos, a exemplo do que vem acontecendo com os antibióticos, seria uma ação efetiva, porém pontual. A rigorosa supervisão sobre a venda e prescrição médica deveria atingir a diversas outras classes de medicamentos, pois todos eles, inclusive aqueles de venda livre, não podem ser consumidos sem controle. Todos têm indicações e posologia específicas, além do risco de provocarem efeitos colaterais e danos à saúde.

A população precisa ser informada, conhecer os riscos relacionados aos medicamentos e, sobretudo, ter a oferta de um sistema de saúde adequado que leve ao paciente procurar pelo médico, e não pelo medicamento.

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica