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Já faz algum tempo que se percebe uma movimentação condenável no mundo da saúde. De Brasília, do conforto de seus gabinetes de luxo, certos bacharéis de medicina que, na prática, desconhecem o que é ser médico, lançam balões de ensaio pregando um novo modelo de assistência.

Com frequência, vão à mídia falando em formar médicos para o Sistema Único de Saúde. Como se formar profissionais para atender aos cidadãos mais carentes, que dependem  basicamente do SUS, fosse diferente de formar médicos para assistir aos mais abastados. Na verdade, só é admissível a existência de um tipo de medicina: a de qualidade. É com esse padrão que ela deve servir ao pobre e ao rico, ao negro e ao branco, ao homem e à mulher, ao católico e ao protestante, enfim, a todos.

Já faz algum tempo que se percebe uma movimentação condenável no mundo da saúde. De Brasília, do conforto de seus gabinetes de luxo, certos bacharéis de medicina que, na prática, desconhecem o que é ser médico, lançam balões de ensaio pregando um novo modelo de assistência.

Com frequência, vão à mídia falando em formar médicos para o Sistema Único de Saúde. Como se formar profissionais para atender aos cidadãos mais carentes, que dependem  basicamente do SUS, fosse diferente de formar médicos para assistir aos mais abastados. Na verdade, só é admissível a existência de um tipo de medicina: a de qualidade. É com esse padrão que ela deve servir ao pobre e ao rico, ao negro e ao branco, ao homem e à mulher, ao católico e ao protestante, enfim, a todos.

O problema é que por trás do tendencioso discurso da formação de médicos para o SUS, os mesmos agentes vão aos poucos minando a medicina brasileira. Quando autorizam a abertura indiscriminada de faculdades médicas, sem adequada condição de ensino, colocam no mercado médicos sem capacitação necessária, representando risco à saúde e à vida dos pacientes.

Outro grave problema diz respeito à rede suplementar. Algumas autoridades fazem vistas grossas aos abusos dos planos de saúde e não tomam qualquer atitude para coibi-los. Dessa forma, usuários têm suas mensalidades sempre reajustadas acima da inflação e muitas vezes veem negadas coberturas para exames, medicamentos, etc. São tão vítimas como os médicos, que, há cerca de dez anos, praticamente não recebem reajustes nos honorários de consultas e procedimentos.

Na relação com os planos de saúde, aliás, só há vítimas. Reclamam os pacientes, os órgãos de defesa do consumidor recebem recordes de queixas, os hospitais denunciam glosas e calotes, e os médicos apontam pressões contra o livre exercício da profissão.  Recente pesquisa Datafolha atesta que oito em cada dez médicos sofrem interferências para reduzir o pedido de exames, de internações e outros procedimentos.

Assim, bons médicos vão se descredenciando dos planos, pois é inaceitável trabalhar sob tais condições. Outra vez, a perda é de qualidade.

Muitos outros ataques à medicina poderiam ser citados aqui. Mas os exemplos já dados são emblemáticos da orquestração recorrente em certos círculos do poder. Querem medicina sem médicos e sem qualidade para quem precisa. Um crime.

Temos de reagir, pois a saúde é direito constitucional dos cidadãos. Um bom começo é apoiar a paralisação do atendimento médico eletivo aos planos, que ocorrerá em 7 de abril. Trata-se de um legítimo e necessário movimento em defesa dos pacientes e dos profissionais de medicina.

 

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica