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Os brasileiros são, em regra, eternos insatisfeitos. Tal inconformismo, guardadas as circunstâncias, é muito positivo. Afinal, em um país com políticas públicas tão frágeis, a cobrança contínua e a pressão, são essências para que se façam valer os anseios e necessidades dos cidadãos.

Mesmo assim, os avanços se dão a passos lentos. Na saúde, por exemplo, somos detentores de índices vergonhosos em tuberculose, no combate à dengue, à leishmaniose, entre tantos outros. Vemos bacharéis em medicina que, de fato, nada conhecem da medicina, ditar regras esdrúxulas sem abrir as portas de seus bem refrigerados gabinetes. Na realidade, nada conhecem da nossa comunidade....

Os brasileiros são, em regra, eternos insatisfeitos. Tal inconformismo, guardadas as circunstâncias, é muito positivo. Afinal, em um país com políticas públicas tão frágeis, a cobrança contínua e a pressão, são essências para que se façam valer os anseios e necessidades dos cidadãos.

Mesmo assim, os avanços se dão a passos lentos. Na saúde, por exemplo, somos detentores de índices vergonhosos em tuberculose, no combate à dengue, à leishmaniose, entre tantos outros. Vemos bacharéis em medicina que, de fato, nada conhecem da medicina, ditar regras esdrúxulas sem abrir as portas de seus bem refrigerados gabinetes. Na realidade, nada conhecem da nossa comunidade.

Há, porém, políticas públicas que acabam vingando, a despeito do caos quase generalizado. É o caso, por exemplo, da Farmácia Popular. Trata-se de um programa que representou e representa uma conquista relevante para os pacientes. Com remédios a preços acessíveis, os tratamentos não sofrem com a descontinuidade, o que é salutar para o doente, para o médico e para o sistema de saúde. Aliás, a universalização do acesso também é antídoto eficaz contra a automedicação e seus males.


Há uma série de críticas infundadas à Farmácia Popular. Alguns reclamam que não dispõe de todos os medicamentos. Ora, nem as melhores drogarias privadas dispõem. Outros dizem que falta remédio para osteoporose, problema que, segundo os mais conceituados estudos multicêntricos, pode ser enfrentado com dois copos de leite por dia e caminhada ao sol.

Também existem queixas quanto à ausência de fármacos de última geração para o câncer. Um equívoco sem tamanho. Seria uma temeridade disponibilizá-los abertamente. Esses medicamentos, em sua maioria injetáveis, necessitam ser ministrados por profissionais capacitados. O tratamento oncológico é algo sério, necessita de acompanhamento e prescrição adequados.

Lógico que a Farmácia Popular precisa e deve ser melhorada. Em se tratando do câncer, o certo seria criar centros oncológicos para melhorar o acesso e qualificar a assistência. É fundamental ainda que uma base de dados confiável produza estatísticas das drogas mais procuradas e necessárias na rede, para que a população seja atendida adequadamente.

Em certos momentos, não se trata de jogar pedras ou de enaltecer essa ou aquela política. É preciso reconhecer quando algo dá certo, mas ter em mente também que aperfeiçoar sempre é possível. É isso que devemos exigir da Farmácia Popular que avance continuamente, para não correr o risco de se tornar mais uma iniciativa lacônica, como, lamentavelmente, ocorre com grande parte de nossas políticas públicas, especialmente as de saúde. 

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 06/01/2011 no Diário da Manhã (Goiânia)