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Estamos às vésperas da eleição. Mais alguns dias, teremos definido quem serão nossos representantes na Câmara dos Deputados, no Senado e nas assembléias legislativas. O mesmo acontecerá em relação a governadores e à Presidência da República.

 

Hoje, candidatos de todas as matizes aparecem na propaganda gratuita com uma série de garantias, mas é certo que se um centésimo das promessas fossem, de fato, cumpridas, já teríamos um Brasil de primeiro mundo...

Estamos às vésperas da eleição. Mais alguns dias, teremos definido quem serão nossos representantes na Câmara dos Deputados, no Senado e nas assembléias legislativas. O mesmo acontecerá em relação a governadores e à Presidência da República.

 

Hoje, candidatos de todas as matizes aparecem na propaganda gratuita com uma série de garantias, mas é certo que se um centésimo das promessas fossem, de fato, cumpridas, já teríamos um Brasil de primeiro mundo.

 

Precisamos ter claro o que exigiremos do novo(a) presidente em áreas sociais, como a educação e a saúde. Somente assim será mais fácil cobrar, fiscalizar e nos mobilizar pela consolidação de nossos anseios.

 

Na educação, é mister uma reforma profunda no modelo de ensino superior. É inadiável, por exemplo, frear a criação indiscriminada de faculdades de medicina. Simultaneamente, o governo deve fazer rigorosa fiscalização nas que estão em funcionamento, fechando as que não oferecem formação adequada.

 

Também precisamos analisar de forma crítica o ProUni, impedindo que se perpetuem escolas ruins em detrimento do aprendizado. Outra prioridade é o estabelecimento do critério adequado de cotas, para evitar as distorções existentes hoje. Não podemos deixar de considerar, ainda, o ENEM, que é uma proposta bastante importante, mas que tornou-se caótica em vista da incompetência administrativa.

 

O curso médico deve ter como sua principal vertente formar médicos com ensino baseado na comunidade. Para tanto, faz-se imperioso que a academia seja consultada para elaboração de currículos de qualidade. Não podemos admitir que seja verdadeira a frase “formar médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS)”. Essa intelectualidade delirante visa, em última análise, a criação de mão de obra barata, caracterizando, mais uma vez, a incompetência na elaboração de uma política de saúde que valorize a residência médica por ser a melhor forma de treinamento após a graduação. Porém, a busca pela excelência não pode “tapar buraco” na incompetência dos órgãos governamentais.

 

Não se pode falar em AMAS e Policlínicas – atendimento especializado – sem antes tornar o SUS eficiente. Cada doença corresponde a uma especialidade. Qual seria, então, o objetivo do SUS? Tratar a gripe, sem complicação? É o mesmo que colocar o lustre sem a casa terminada. O atendimento primário, quando eficiente, resolve 70% dos casos a um baixo custo. Isso mostra a falta de preparo de quem preconiza esse tipo de política de saúde totalmente caótica. Almeja-se plano de carreira no SUS tirando os médicos das unidades básicas e garantindo acompanhamento horizontal do paciente, fundamental no humanismo e na relação do médico com o doente.

 

Temos de afastar das instâncias decisórias, da educação e da saúde, os bacharéis em medicina que, desde muito, deixaram de ser médicos de verdade. Os critérios para ocupação de cargos públicos devem contemplar o mérito, não questões ideológicas, ou políticas partidárias.

 

Posto tudo isso, almejamos que o novo(a) presidente salve o SUS. Se conseguir fazer com que o Sistema Único de Saúde cumpra todas as propostas desenhadas no escopo de sua criação - equidade, universalidade e integralidade - ofereceremos aos brasileiros uma assistência eficiente, eficaz, de qualidade.

 

São esses, portanto, os desafios colocados. Se superados, como esperamos, poderemos em eleição futura repetir o voto, pois teremos a certeza de que o Brasil tem um(a) estadista para dirigi-lo.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 28/09/10 no Jornal do Commercio

Artigo publicado em 29/09/10 no jornal O Estado do Paraná