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Temos hoje no Brasil 180 cursos de medicina. Destes, 98 foram criados nos últimos 13 anos, ou seja, em média uma nova faculdade médica foi autorizada a funcionar a cada mês e meio.

 

A proliferação atendeu basicamente a interesses econômicos de uma parcela de maus empresários do ensino. Prova disso é que boa parte dessas escolas atua sem estrutura mínima, sem corpo docente próprio e qualificado ou até sem hospitala elas vinculado.

 

O fato é que possuímos cursos demais, com qualidade insuficiente. O Brasil é atualmente o recordista em faculdades médicas. Faz tempo superou a China que, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, tem 150 escolas médicas. Superamos também os Estados Unidos, com população de mais de 300 milhões e 131 cursos de medicina...

Temos hoje no Brasil 180 cursos de medicina. Destes, 98 foram criados nos últimos 13 anos, ou seja, em média uma nova faculdade médica foi autorizada a funcionar a cada mês e meio.

 

A proliferação atendeu basicamente a interesses econômicos de uma parcela de maus empresários do ensino. Prova disso é que boa parte dessas escolas atua sem estrutura mínima, sem corpo docente próprio e qualificado ou até sem hospitala elas vinculado.

 

O fato é que possuímos cursos demais, com qualidade insuficiente. O Brasil é atualmente o recordista em faculdades médicas. Faz tempo superou a China que, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, tem 150 escolas médicas. Superamos também os Estados Unidos, com população de mais de 300 milhões e 131 cursos de medicina.

 

Números incontestáveis mostram o resultado: entre 2000 e 2009, a quantidade de profissionais de medicina aumentou 27% – de mais de 260 mil para mais de 330 mil. No mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu aproximadamente 12%, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Em cidades como São Paulo, a relação é de um médico para 239 habitantes, índice superior ao de países desenvolvidos. Nem por isso a questão da assistência à saúde está equacionada. Lógico, há grande quantidade de recém-formados com capacitação insuficiente e grande número deles não tem sequer possibilidade de treinamento adequado na Residência Médica. Sem falar que faltam políticas públicas consistentes para estimular bons profissionais a trabalhar em regiões de difícil acesso e na periferia. Por outro lado, temos estados brasileiros com poucos médicos para atender à comunidade. Outro reflexo da insuficiência de boas políticas públicas.

A questão da formação em série, por intermédio de faculdades médicas sem qualidade, infla o mercado e representa risco à saúde e à vida dos cidadãos. Não é à toa que as denúncias de erros médicos crescem sem parar nos conselhos regionais de medicina de todo o país.

Entidades e representantes da academia têm alertado a sociedade sobre o problema e cobrado das autoridades, medidas enérgicas para resolver o problema. Contudo, até agora, houve muita pirotecnia e poucos resultados concretos.

Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) começou a apertar o cerco em torno das más faculdades médicas. Louvável, em princípio, mas ainda medida insuficiente para solucionar o problema.

Reduzir, por exemplo, de 100 para 50 o número de vagas de um curso ruim, ainda assim, é compactuar com a má formação. Significa autorizar que 50 estudantes sejam mal formados, passando, em seguida, a exercer a medicina sem condições adequadas. O que pleiteamos é que todas as escolas ruins sejam fechadas imediatamente e seus alunos transferidos para outras, com condições mínimas para o ensino de qualidade.

Alguém pode dizer que isso é utopia, que não é possível, mas minha própria experiência prova o contrário. Quando fui Secretário Executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), fechamos sim uma série de programas sem qualidade, mas transferimos seus estudantes. É dessa forma que se muda de fato, com coragem.

Esperamos que o MEC reveja seus processos e faça sua parte o mais breve possível, já muita gente tem virando vítima da má medicina gerada nas péssimas faculdades. Quem se omitir, tenham certeza, ainda será cobrado em suas responsabilidades.

 

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 29/07/2010 no Jornal da Tarde