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Os médicos, segundo o Ibope, são aqueles que possuem maior credibilidade junto aos cidadãos brasileiros. Detém 81% de confiança, ficando à frente, inclusive, da Igreja Católica (71%) e das Forças Armadas (69%).

Esse respeito não é gratuito. Vem do compromisso que os profissionais de medicina têm com os pacientes. A despeito das mazelas dos sistemas público e privado de saúde, da falta de políticas públicas consistentes e do financiamento muito aquém do necessário, estão sempre solidários à comunidade e mantêm-se vigilantes em defesa do atendimento de qualidade...


Os médicos, segundo o Ibope, são aqueles que possuem maior credibilidade junto aos cidadãos brasileiros. Detém 81% de confiança, ficando à frente, inclusive, da Igreja Católica (71%) e das Forças Armadas (69%).

Esse respeito não é gratuito. Vem do compromisso que os profissionais de medicina têm com os pacientes. A despeito das mazelas dos sistemas público e privado de saúde, da falta de políticas públicas consistentes e do financiamento muito aquém do necessário, estão sempre solidários à comunidade e mantêm-se vigilantes em defesa do atendimento de qualidade.

A imprensa frequentemente dá realce às entidades médicas que denunciam problemas de falta de estrutura para o bom atendimento da população, desvio de recursos do sistema de saúde, abusos na saúde suplementar, entre outros. Por isso, o papel dessas entidades médicas acaba sendo muito importante na luta pelo resgate do atendimento de qualidade na rede pública, embora seja uma batalha ainda com poucos resultados.

Um dos aspectos mais preocupantes – e que vem sendo alvo de muitas análises -  diz respeito à formação do médico. A abertura indiscriminada de escolas de medicina sem qualidade suficiente de ensino choca os profissionais, mesmo porque, um médico não preparado representa perigo à vida dos cidadãos.

Não precisamos de uma faculdade a cada esquina. Necessitamos é de bons cursos, que graduem com competência, que mostrem o valor do humanismo e valorizem, sobretudo, a relação médico-paciente. O ensino deve ter o testemunho da presença do professor, além de priorizar as habilidades, a ética e as atitudes. O currículo baseado apenas na esfera cognitiva não é suficiente para formar bem o profissional.

Outro agravante é que frequentemente vem à baila a mal fadada expressão, dita por alguns, que prega a formação o médico para o SUS. Evidente que essa assertiva carece de credibilidade, uma vez que é pronunciada por bacharéis em medicina e não-médicos que estão longe do que vem a ser realmente a formação e a educação médica de qualidade. Uma escola com professores de carreira gradua competentes médicos e os coloca em bons programas de residência. Dessa maneira, os futuros profissionais constroem conhecimento suficiente para exercerem a medicina no SUS, em regiões afastadas, nos grandes centros e como profissionais liberais.

Lamentavelmente querem resolver a falta de políticas de saúde às custas de médicos mal preparados por cursos de graduação absolutamente caóticos. Nesse sentido, se faz fundamental que cargos vinculados à Saúde e à Educação não sejam ocupados com base na confraria e nem nos interesses político-partidários.

Quando dirigi a Comissão Nacional de Residência Médica do MEC, participei ao lado do secretário da SESu, Nelson Maculan, e de outros professores, da elaboração de um documento solicitado pelo Ministro da Educação, Fernando Haddad, que visava normatizar e avaliar escolas médicas. Na ocasião, dez instituições haviam sido aprovadas pelo INEP. A aplicação desse instrumento de avaliação demonstrou que nenhuma tinha condição de ser aberta.

O ministro, com o bom senso que lhe é peculiar, imediatamente determinou que o processo de abertura de escolas médicas fosse revisto. O professor Adib Jatene, na época, nos solicitou esse documento, ao ser convidado para presidir uma comissão de especialistas destinada a avaliar a criação e funcionamento de cursos de medicina. Felizmente, ao que tudo indica, o referido documento vem sendo utilizado quase que em sua plenitude. Por conta disso, algumas escolas já tiveram o numero de vagas reduzido e até mesmo foram fechadas.

Contudo, ainda é pouco para o tamanho do problema e escolas que ainda formam mal o médico, continuam existindo. Em minha passagem pela Comissão Nacional de Residência Médica, um programa considerado incompetente tinha seus residentes transferidos para outros programas e não as vagas reduzidas.

É isso que esperamos como remédio para a endemia da má formação. Temos que começar a fechar cursos sem qualidade, pois só assim preservaremos o que todos esperam que é o bom atendimento médico.

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 27/06/2010 na Tribuna do Norte

Artigo publicado em 04/07/2010 no Diário Catarinense