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22 Março 2024
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15 Março 2024
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Semanas atrás, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o fechamento do curso de medicina da Universidade Iguaçu, em Nova Iguaçu (RJ), que oferecia anualmente 200 vagas.

Outros oito cursos de medicina no país também corriam risco de sofrer cortes. São eles o Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), Faculdade de Medicina do Planalto Central (DF), Universidade de Ribeirão Preto (SP), Universidade de Marília (SP), Universidade Severino Sombra (RJ), Faculdades Integradas Aparício Carvalho (RO), Faculdade São Lucas (RO) e mais um da Universidade Iguaçu, desta vez no campus de Itaperuna (RJ). Foram decisões tomadas por uma comissão de especialistas do MEC, presidida pelo Dr. Adib Jatene, que visa fiscalizar a qualidade do ensino da medicina.

Há de se elogiar tal encaminhamento. No entanto, é mister reconhecer que se trata de medida tímida diante do caos instaurado faz décadas nos cursos de formação médica.  Hoje, muitos deles não têm currículo adequado e apresentam corpo docente de capacitação duvidosa. É comum, por exemplo, ver faculdades sem hospital-escola, sendo que é impossível aprender medicina sem contato com pacientes.

A verdade é que o sistema educacional no Brasil fez opção pela quantidade, deixando em último plano a excelência na qualificação. Faculdades médicas passaram a ser criadas sem critério, apenas para atender à ganância de maus empresários da educação.

O resultado é que no Brasil a concentração de médicos cresce a níveis jamais vistos. Recente levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que, entre 2000 e 2009, a quantidade de médicos aumentou 27% – de 260.216 para 330.825. No mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu aproximadamente 12%, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, havia no país um médico para cada grupo de 658 habitantes; em 2009, a situação passou a ser de um médico para 578 habitantes.

O Brasil de 2010 é atualmente recordista mundial em número absoluto de faculdades de medicina. Não é uma boa notícia, ao contrário do que podem pensar os desavisados. Formamos muito, mas formamos mal. Resultado: vários dos profissionais colocados no mercado representam perigo à saúde e a vida dos cidadãos. Está aí o crescimento constante de denúncias nos conselhos regionais de medicina sobre erros médicos.

Nesta linha de reflexão, chamo também atenção para a inoportuna proposta do Ministério da Saúde de formar médicos para o Sistema Único de Saúde.  É preciso que se entenda que o médico tem que ser o mais bem formado possível, para que, onde quer que trabalhe, exerça a medicina de alto nível, de acordo com os princípios éticos da prática médica. Essa discriminação esbarra na falta de humanismo e, evidentemente, ou é proposta por bacharéis em medicina que procuram, para seus familiares, os melhores médicos e hospitais, ou por não-médicos que se acham conhecedores do problema dentro de uma política puramente populista.

Precisamos de mais rigor nesta área, assim como necessitamos dar um basta na abertura indiscriminada de escolas médicas. Medicina e saúde são coisas muito sérias e, por isso, o foco deve estar na boa formação do médico, permitindo que ele esteja preparado para atuar em qualquer esfera, não apenas no SUS. O bom nível da assistência é um direito garantido pela Constituição Federal e é o que devemos oferecer à atual e às novas gerações.

Semanas atrás, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o fechamento do curso de medicina da Universidade Iguaçu, em Nova Iguaçu (RJ), que oferecia anualmente 200 vagas.

Outros oito cursos de medicina no país também corriam risco de sofrer cortes. São eles o Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), Faculdade de Medicina do Planalto Central (DF), Universidade de Ribeirão Preto (SP), Universidade de Marília (SP), Universidade Severino Sombra (RJ), Faculdades Integradas Aparício Carvalho (RO), Faculdade São Lucas (RO) e mais um da Universidade Iguaçu, desta vez no campus de Itaperuna (RJ). Foram decisões tomadas por uma comissão de especialistas do MEC, presidida pelo Dr. Adib Jatene, que visa fiscalizar a qualidade do ensino da medicina.

Há de se elogiar tal encaminhamento. No entanto, é mister reconhecer que se trata de medida tímida diante do caos instaurado faz décadas nos cursos de formação médica.  Hoje, muitos deles não têm currículo adequado e apresentam corpo docente de capacitação duvidosa. É comum, por exemplo, ver faculdades sem hospital-escola, sendo que é impossível aprender medicina sem contato com pacientes.

A verdade é que o sistema educacional no Brasil fez opção pela quantidade, deixando em último plano a excelência na qualificação. Faculdades médicas passaram a ser criadas sem critério, apenas para atender à ganância de maus empresários da educação.

O resultado é que no Brasil a concentração de médicos cresce a níveis jamais vistos. Recente levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que, entre 2000 e 2009, a quantidade de médicos aumentou 27% – de 260.216 para 330.825. No mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu aproximadamente 12%, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, havia no país um médico para cada grupo de 658 habitantes; em 2009, a situação passou a ser de um médico para 578 habitantes.

O Brasil de 2010 é atualmente recordista mundial em número absoluto de faculdades de medicina. Não é uma boa notícia, ao contrário do que podem pensar os desavisados. Formamos muito, mas formamos mal. Resultado: vários dos profissionais colocados no mercado representam perigo à saúde e a vida dos cidadãos. Está aí o crescimento constante de denúncias nos conselhos regionais de medicina sobre erros médicos.

Nesta linha de reflexão, chamo também atenção para a inoportuna proposta do Ministério da Saúde de formar médicos para o Sistema Único de Saúde.  É preciso que se entenda que o médico tem que ser o mais bem formado possível, para que, onde quer que trabalhe, exerça a medicina de alto nível, de acordo com os princípios éticos da prática médica. Essa discriminação esbarra na falta de humanismo e, evidentemente, ou é proposta por bacharéis em medicina que procuram, para seus familiares, os melhores médicos e hospitais, ou por não-médicos que se acham conhecedores do problema dentro de uma política puramente populista.

Precisamos de mais rigor nesta área, assim como necessitamos dar um basta na abertura indiscriminada de escolas médicas. Medicina e saúde são coisas muito sérias e, por isso, o foco deve estar na boa formação do médico, permitindo que ele esteja preparado para atuar em qualquer esfera, não apenas no SUS. O bom nível da assistência é um direito garantido pela Constituição Federal e é o que devemos oferecer à atual e às novas gerações.

 

Antonio Carlos Lopes é Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 24/05/2010 no Diário Catarinense

Artigo publicado em 27/05/2010 no Correio Brasiliense