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É inadmissível pensar em voo cego quando o assunto é Medicina. Mas, infelizmente, a realidade brasileira segue rota turbulenta e perigosa. A avaliação facultativa realizada recentemente pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) para verificar os conhecimentos dos futuros médicos teve resultado alarmante: 56% dos formandos foram reprovados logo na primeira fase, reforçando as evidências do péssimo nível do ensino médico no país...

É inadmissível pensar em voo cego quando o assunto é Medicina. Mas, infelizmente, a realidade brasileira segue rota turbulenta e perigosa. A avaliação facultativa realizada recentemente pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) para verificar os conhecimentos dos futuros médicos teve resultado alarmante: 56% dos formandos foram reprovados logo na primeira fase, reforçando as evidências do péssimo nível do ensino médico no país.

O resultado é indicativo de que os brasileiros correm elevado risco. Afinal, apenas voluntários participaram da prova, que, aliás, foi boicotada por muitos alunos com incentivo de faculdades deficientes. Outra questão a ser considerada: se, em São Paulo, a situação é escandalosa, o que dizer de outras regiões do Brasil nas quais o ensino é ainda mais deficiente?

Faz quase duas décadas que as entidades médicas alertam a sociedade sobre a abertura de escolas de Medicina sem qualificação. A situação atual é escandalosa: o Brasil tem 178 faculdades de medicina que oferecem 17 mil novas vagas ao ano. Só que muitas delas não possuem hospital universitário próprio, além de contarem com corpo docente desqualificado.

É um problema gravíssimo de saúde pública. Para solucioná-lo, é mister o estabelecimento imediato da obrigatoriedade da prova de habilitação para o exercício da Medicina. É fundamental que o exame tenha caráter reprovatório, garantindo que profissionais mal preparados não estejam na linha de frente do atendimento à população.

Simultaneamente, é necessária a mobilização da sociedade para exigir medidas saneadoras urgentes, deixando claro aos parlamentares e às autoridades constituídas que vidas humanas merecem respeito. Além da obrigatoriedade da prova de habilitação, o Congresso Nacional precisa aprovar, com urgência, o projeto de lei 65/2003, estabelecendo parâmetros para autorização de funcionamento de cursos de medicina, garantindo, por exemplo, a existência de hospital-escola próprio e corpo docente vinculado ao hospital universitário.

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 15/01/2010 no Jornal do Commercio