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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, no século XX cerca de 100 milhões de pessoas morreram em decorrência do tabagismo...

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, no século XX cerca de 100 milhões de pessoas morreram em decorrência do tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer informa que 22 indivíduos morrem por hora vítimas do tabaco. Além de aumentar as próprias chances de desenvolver câncer, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e outras tantas doenças, os fumantes ainda obrigam os que convivem com eles a inalar o equivalente a 10 cigarros por dia. Isso faz com que o fumante passivo tenha mais chances de também desenvolver câncer de pulmão e contrair outros males relacionados ao tabagismo.

O fumo passivo já é a terceira causa de morte prevenível em todo o mundo, atrás apenas do fumo ativo e do álcool. Os mais afetados são as crianças.

Separar fumantes de não fumantes, como até pouco tempo atrás se fazia em São Paulo (e se faz até hoje em diversas localidades do Brasil e do mundo) é uma falácia. Janelas, varandas, divisórias ou sistemas de ventilação jamais serão suficientes para manter o ambiente livre do risco. E a fumaça que sai da ponta acesa do cigarro possui as mesmas substâncias daquela que o fumante inala, muitas vezes ainda mais concentradas.

Por este motivo, é no mínimo louvável a recente aprovação da lei antifumo em São Paulo. Em vigor desde 7 de agosto, fez com que conquistássemos o título de primeiro Estado brasileiro a aderir à restrição do cigarro em ambientes fechados de uso coletivo.

A lei é importante ferramenta para evitar que, nos próximos vinte anos, ocorram até 10 milhões de mortes por causas atribuídas ao cigarro no mundo. E os países menos favorecidos, como o nosso, serão responsáveis por 70% deste total. Por isso é tão importante restringir a utilização dos derivados de tabaco em áreas fechadas e coletivas, como bares, restaurantes, casas noturnas, escolas, locais de trabalho, museus, shoppings, lojas, repartições públicas e táxis.

Agora nos resta impulsionar os demais Estados e o Governo Federal a seguir o exemplo paulista, também já adotado no Rio de Janeiro. É preciso fazer valer o direito do não fumante, fiscalizando adequadamente os ambientes nos quais não é permitido fumar, punindo severamente os infratores e coibindo a propaganda relacionada aos produtos de tabaco, especialmente em pontos de venda e locais de grande circulação de jovens.

Por fim, precisamos garantir à população interessada em parar de fumar, acompanhamento médico e, quando necessário, medicamentoso, pois é comprovado que os índices de sucesso nesta árdua tarefa de largar o vício são muito maiores quando acompanhada por equipe especializada. Só assim poderemos finalmente respirar aliviados e diminuir essas estatísticas assustadoras.

 

Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado em 20/09/2009 no Jornal Repórter Diário