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A cesta básica é uma moeda forte no Brasil, encarada como um benefício para o trabalhador já que colabora para minimizar os gastos com alimentação. Isso ocorre mesmo com o alerta dos nutricionistas para o desequilíbrio nutricional de alguns itens que a compõem...

A cesta básica é uma moeda forte no Brasil, encarada como um benefício para o trabalhador já que colabora para minimizar os gastos com alimentação. Isso ocorre mesmo com o alerta dos nutricionistas para o desequilíbrio nutricional de alguns itens que a compõem. A cesta básica não contempla toda a diversidade de nutrientes necessários para uma alimentação saudável no que se refere aos macro e micronutrientes. Tampouco é suficiente, na grande maioria dos casos, para alimentar todos os dependentes de quem a recebe.

Pouco arroz, muito óleo, ausência de carnes, frutas, legumes ou vegetais. Por outro lado, a cesta traz excesso de colesterol, gorduras trans e açúcares, presentes nos biscoitos, bolos e outros supérfluos por vezes incluídos de modo a torná-la mais atraente. 

Outra faceta importante da cesta básica é ter se tornado, ao longo dos anos, um parâmetro econômico. O próprio Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) utiliza a cesta básica em diversos estudos para aferir, por exemplo, quanto se trabalha nas distintas regiões do país para poder adquiri-la. E o resultado não é animador. Em março de 2009, o paulistano levou quase 105 horas para comprar a chamada ração essencial, que custa na capital, em média, R$ 222,00. A cidade mais cara foi Porto Alegre, onde se trabalhou quase 113 horas para adquirir os mesmos alimentos ao custo de R$ 238,73.

Num país onde o salário mínimo é R$ 465,00, estes valores parecem exorbitantes visto que o brasileiro ainda tem que se preocupar, no mínimo, com moradia e saúde. A saúde, aliás, é um item com infinitos desdobramentos. Especialmente se imaginarmos que o salário mínimo é recebido por milhares de brasileiros usuários de medicamentos caros e de uso contínuo para controle de doenças crônicas, como hipertensão ou diabetes. Por que, então, não incluir estes medicamentos na cesta básica e criar uma espécie de cesta básica da saúde? Anticoncepcionais, preservativos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, hipoglicemiantes orais, insulinas e outros itens tão importantes, também deveriam chegar com a mesma facilidade à casa do cidadão, mas sempre sob orientação médica – a continuidade da cesta básica da saúde fica vinculada à renovação periódica do receituário.

Ou alguém acha que na falta de dinheiro o pai de família irá optar pelo remédio em detrimento da comida para alimentar esposa, filhos e dependentes? Esta é a triste realidade do trabalhador. A opção, é claro, jamais será pela sua saúde, que deteriorada, acabará por comprometer o rendimento no trabalho. Mais cedo ou mais tarde, este mesmo cidadão estará próximo de perder o emprego, deixando mais do que nunca, sua família desamparada.

Talvez, nesta hora, seja tarde demais para a inclusão de medicamentos essenciais na cesta básica da saúde. Portanto, essa é uma batalha para ser vencida já, com o apoio de toda a sociedade, e especialmente daqueles que não têm que escolher entre sua saúde e outras tantas necessidades básicas. 

Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

Artigo publicado no Jornal da Tarde no dia 11 de maio de 2009