Fármacos de amplo uso na prática clínica que interagem com os hormônios tireoidianos

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Caroline Walger da Fonseca
Flora Eli Melek

Resumo

Vários fármacos de amplo uso na prática clínica interagem com os hormônios tireoidianos, alterando a função da tireoide. Boa parte dos pacientes submetidos à avaliação da tireoide faz uso de diversos fármacos, sendo importante saber quais são as interações. O objetivo deste estudo foi rever, na literatura, os principais medicamentos amplamente utilizados na prática clínica que interagem com os hormônios tireoidianos. A produção desses hormônios ocorre por meio de diversos mecanismos, que podem interagir com várias drogas, resultando em disfunção tireoidiana. Alguns fármacos podem causar tanto tireotoxicose, como hipotireoidismo; é o caso do iodo, da amiodarona e da interleucina-2. A radiação ionizante pode produzir tireoidite aguda, crônica e câncer de tireoide. O carbonato de lítio inibe a secreção dos hormônios tireoidianos, estimulando o hormônio tireoestimulante e levando à formação de bócio. A quimioterapia citotóxica pode causar alterações no hipotálamo, na hipófise e na tireoide. Os glicocorticoides apresentam efeitos variáveis e múltiplos. Alguns fármacos afetam as proteínas transportadoras de hormônios tireoidianos, como os salicilatos, a heparina e o estrogênio. Anticonvulsivantes atuam sobre os hormônios tireoidianos, interferindo na ligação com proteínas transportadoras e acelerando o metabolismo hepático. A dopamina inibe diretamente a secreção do TSH. O propranolol tem efeito discreto, relacionado a doses >160mg/dia. O conhecimento sobre as interações permite identificar um fármaco como causa de disfunção tireoidiana, a realização de exames de triagem naqueles indivíduos expostos a eles e evitar seu uso em pacientes com risco de desenvolver tireoidopatia.

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Artigos de Revisão