Hipercalcemia paraneoplásica de carcinoma anaplásico da tireoide

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André Valente
César Vieira
Isa Agudo
Ana Serrano
António Murinello
Ana Carvalho
Margarida Albergaria

Resumo

A hipercalcemia deve ser considerada no diagnóstico diferencial de alterações neuropsiquiátricas agudas. Em 90% dos casos, a etiologia corresponde a hiperparatireoidismo primário ou neoplasias. Valores séricos superiores a 14mg/dL e sintomáticos são frequentemente tradutores de causa maligna. O carcinoma anaplásico da tireoide consiste em um tumor indiferenciado, com progressão rápida e prognóstico reservado, que evolui, em alguns casos, a partir de lesões tireóideas preexistentes, benignas ou malignas (desdiferenciação). Embora a apresentação clínica mais frequente destes tumores consista no desenvolvimento de massa cervical, eles podem ser diagnosticados no esclarecimento etiológico de metástases ou síndromes paraneoplásicos. A hipercalcemia, associada à neoplasia, pode ocorrer em contexto de metástases ósseas, com libertação de citocinas, ou por mecanismo humoral, mediada pela proteína relacionada ao hormônio hormônio paratireóideo (PTHrP). Os autores descrevem o caso de uma mulher de 85 anos, com antecedentes de bócio multinodular benigno, internada para esclarecimento etiológico de hipercalcemia grave, com manifestações neuropsiquiátricas, diagnosticando-se, após avaliação, carcinoma anaplásico da tireoide. O caso foi abordado em reunião multidisciplinar, optando-se por limitação terapêutica a cuidados paliativos. A doente faleceu 3 meses após o diagnóstico.

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Seção
Relatos de Casos